A revista Intervenciones en Estudios Culturales convida pesquisadores e ativistas de toda a América Latina para participar do dossiê “Processos de direitização, processos de desesquerdização. Pensar a partir do presente na América Latina”. O dossiê está aberto a contribuições de tipo teórico-conceituais, metodológicas ou empíricas que favoreçam a compreensão dos diferentes processos políticos de desesquerdização e direitização vividos na América Latina e no mundo mediante análises particulares, comparadas ou gerais.
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O dossiê se propõe a reunir intervenções teórico-políticas e relatos de pesquisa que nos proporcionem uma leitura do tempo presente mais além das diferenças absolutizantes entre governos progressistas e (neo)conservadores ou da segmentação arbitrária do devir dos processos políticos de acordo com os calendários eleitorais. A título de provocação e estímulo para o debate, sugerimos que “direitização” e “desesquerdização” poderiam ser noções preliminares a partir das quais dar início à exploração dos complexos entrelaçamentos entre o desenvolvimento de novos padrões de acumulação, o reordenamento das estruturas sociais, as disputas em torno do senso comum e a atuação dos próprios movimentos sociais e agrupações políticas dos mais diferentes matizes. Não acreditamos que existam definições acabadas e homogêneas de direita e esquerda. Ambas as categorias nos interessam enquanto coordenadas iniciais para pensar processos localizados de reconfiguração dos modos de vida, dos envolvimentos econômicos, do senso comum e das formas de fazer e enunciar a política. Sendo assim, nosso foco de preocupação não recai necessariamente sobre os partidos políticos e suas lideranças mais proeminentes ou sobre o cotidiano da atividade institucional do Estado.
Através de procedimentos bem diferentes e específicos para cada país da América Latina, estamos presenciando um momento marcado pela redefinição das formas de conceber e fazer a política. Em alguns países observamos o retorno ao governo ou o fortalecimento institucional de forças políticas comprometidas com programas de ajuste econômico e abertura de mercados; algumas delas esgrimindo propostas nacionalistas ou tradicionalistas. Nos países onde a virada conservadora não se manifesta em mudanças de governo, é visível, ainda assim, o avanço de tendências sociais de perfil normalizador que se manifestam sob a forma de discursos e medidas de controle social, incremento dos dispositivos de segurança e restrição dos direitos sociais. Estes acontecimentos poderiam ser analisados como processos sociais que se movem num amplo espectro entre duas tendências, que podem operar de forma paralela ou individual. Os dois extremos desses processos, como já mencionamos, seriam a direitização e a desesquerdização. Não se trata, aqui, de indicar tendências definitivas, nem de sugerir que elas dependem exclusivamente da ação de grupos ou partidos políticos. Estamos interessadxs nas dinâmicas sociais que parecem dar margem à hegemonização desses vetores. Levando em conta que “direitização” e “desesquerdização” remetem a processos coletivos que possuem uma historicidade e que só em aparência são verticais, propomos um diálogo entre militantes e acadêmicos de diferentes países que nos ajude a construir enfoques localizados e que nos permita conceber a heterogeneidade da conjuntura sem renunciar à sua teorização estratégica.
Editores convidados:
- Alex Martins Moraes (Grupo de Estudos em Antropologia Crítica – GEAC)
- Carolina Castañeda (Grupo de Estudos em Antropologia Crítica – GEAC)
Prazo de envio das contribuições: 1/09/2017
Os artigos devem ser remetidos para: antropologiacritica@gmail.com
As normas para apresentação de artigos estão disponíveis no seguinte link: https://intervencioneseecc.wordpress.com/pautas/
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