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Epistemologias em questão: entrevista com Boaventura de S. Santos

No início da tarde de sábado, o sociólogo português Boaventura de Sousa Santos concedeu uma entrevista para a Rede de Antropologia Crítica (RAC). A entrevista será divulgada em versão impressa, na próxima edição da Tinta Crítica (Abril de 2012), e na forma de um vídeo através do blog. Este material tem grande importância na introdução das atividades promovidas pelo GEAC em 2012 e ficará disponível a todos os membros da RAC que queiram utilizá-lo nas instituições onde atuam.

No final de 2011, o GEAC comunicou-se com Boaventura para contar-lhe sobre a proposta de debates que seria desenvolvida em 2012. A partir deste contato inicial, foi possível organizar uma entrevista que teve lugar no dia 28 de janeiro, após o evento “Futuro e Perspectiva da Universidade Popular dos Movimentos Sociais (UPMS)” realizado no marco do Fórum Social Temático, em Porto Alegre.

Nós temos que saber os objetivos políticos e sociais do conhecimento. Para quem produzimos conhecimento e com quem produzimos conhecimento. Isto é central na ecologia dos saberes. Naturalmente que os saberes são muito distintos, são conhecimentos que, ao contrário do conhecimento universitário, criam-se na luta. A universidade só acolhe o conhecimento depois das lutas e só acolhe as lutas dos vencedores. Por isso a nossa história é a história dos vencedores, e não a história dos vencidos.

Com estas palavras, Boaventura deu início ao diálogo que ocorreu na galeria de artes da Usina do Gasômetro. Em suas falas posteriores, o sociólogo abordou questões relativas ao projeto de refundação da UPMS e discutiu conceitos importantes de sua produção teórica, tais como “sociologia das emergências”, “linhas de pensamento abissais” e “ecologia dos saberes”. Também comentou eventos políticos recentes de âmbito nacional e local, analisou a remoção dos moradores de Pinheirinhos e opiniou a respeito do movimento “paramos para pensar”, protagonizado por estudantes de pós-graduação em Antropologia em Porto Alegre. No último momento da entrevista, Boaventura falou acerca das potencialidades da etnografia no produção de um saber crítico e emancipador.

Para a realização desta conversa com Boaventura, a Rede de Antropologia Crítica e o Grupo de Estudos em Antroplogia Crítica contaram com o fundamental apoio do projeto “Curtas nas Escolas”, que se encarregou do registro fílmico da ocasião e contribui na formulação da pauta de perguntas.

Deixamos nosso especial agradecimento a Fabián Baldovino, do projeto “Curtas nas Escolas”.

Mais informações sobre os eixos de debate do Grupo de Estudos em Antropologia Crítica: https://antropologiacritica.wordpress.com/calendario-geac-20121/

O Grupo de Estudos em Antropologia Crítica é um coletivo independente que atua na criação de espaços de auto-formação e invenção teórico-metodológica. Constituído em 2011, o GEAC se propõe, basicamente, a praticar “marxismos com antropologias”. Isto significa desenvolver meios para refletir, de maneira situada, sobre os devires radicais da conflitividade social contemporânea. Delirada pelo marxismo, a antropologia se transforma, para o GEAC, numa prática de pesquisa e acompanhamento político das alteridades rebeldes que transbordam e transgridem a pretensão totalitária do modo de produção vigente e da sua parafernália institucional.

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